sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

AUTISMO

Autismo é um transtorno de desenvolvimento. Não pode ser definido simplesmente como uma forma de retardo mental, embora muitos quadros de autismo apresentem QI abaixo da média.

A palavra autismo atualmente pode ser associada a diversas síndromes. Os sintomas variam amplamente, o que explica por que atualmente refere-se ao autismo como um espectro de transtornos; o autismo manifesta-se de diferentes formas, variando do mais alto ao mais leve comprometimento, e dentro desse espectro o transtorno que pode ser diagnosticado como autismo, pode também receber diversos outros nomes, concomitantemente. Os atuais critérios de diagnóstico do autismo estão formalizados na norma DSM-IV, como lemos no livro de Uta Frith:

Em cooperação internacional, os especialistas concordaram em usar certos critérios de comportamento no diagnóstico do autismo. Estes critérios foram explicitados em trabalhos de referência que foram publicados. O esquema mais recente é o descrito no Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria. Um esquema de diagnóstico bem parecido é encontrado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicado pela Organização Mundial de Saúde.

Página 11 de "Autism - Explaining the Enigma" (1989) de Uta Frith.



CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DO AUTISMO (CID-10) (WHO 1992)



Pelo menos 8 dos 16 itens especificados devem ser satisfeitos.



a. Lesão marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos três dos próximos cinco itens:



1. Dificuldade em usar adequadamente o contato ocular, expressão facial, gestos e postura corporal para lidar com a interação social.

2. Dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo.

3. Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em tempos de tensão ou ansiedade, e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem ansiedade ou infelicidade.

4. Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea em compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento com outras pessoas.

5. Falta de reciprocidade social e emocional.



b. Marcante lesão na comunicação:



1. Ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes.

2. Diminuição de ações imaginativas e de imitação social.

3. Pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos.

4. Pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e imaginação em processos mentais.

5. Ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas.

6. Pouca utilização das variações na cadência ou ênfase para refletir a modulação comunicativa.

7. Ausência de gestos para enfatizar ou facilitar a compreensão na comunicação oral.



c. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos dois dos próximos seis itens:



1. Obsessão por padrões estereotipados e restritos de interesse.

2. Apego específico a objetos incomuns.

3. Fidelidade aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais não funcionais específicos.

4. Hábitos motores estereotipados e repetitivos.

5. Obsessão por elementos não funcionais ou objetos parciais do material de recreação.

6. Ansiedade com relação a mudanças em pequenos detalhes não funcionais do ambiente.



d. Anormalidades de desenvolvimento devem ter sido notadas nos primeiros três anos para que o diagnóstico seja feito.



DSM-IV



Os mais atuais critérios de diagnóstico da DSM-IV até o momento, que ilustram as características do indivíduo autista, são:



Importante:



As informações a seguir servem apenas como referência. Um diagnóstico exato é o primeiro passo importante em qualquer situação; tal diagnóstico pode ser feito apenas por um profissional qualificado que esteja a par da história do indivíduo.



CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DO AUTISMO



A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2), e (3), com pelo menos dois de (1), e um de cada de (2) e (3).



1. Marcante lesão na interação social, manifestada por pelo menos dois dos seguintes itens:



a. Destacada diminuição no uso de comportamentos não-verbais múltiplos, tais como contato ocular, expressão facial, postura corporal e gestos para lidar com a interação social.

b. Dificuldade em desenvolver relações de companheirismo apropriadas para o nível de comportamento.

c. Falta de procura espontânea em dividir satisfações, interesses ou realizações com outras pessoas, por exemplo: dificuldades em mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse.

d. Ausência de reciprocidade social ou emocional.



2. Marcante lesão na comunicação, manifestada por pelo menos um dos seguintes itens:



a. Atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem oral, sem ocorrência de tentativas de compensação através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas.

b. Em indivíduos com fala normal, destacada diminuição da habilidade de iniciar ou manter uma conversa com outras pessoas.

c. Ausência de ações variadas, espontâneas e imaginárias ou ações de imitação social apropriadas para o nível de desenvolvimento.



3. Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos um dos seguintes itens:



a. Obsessão por um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse que seja anormal tanto em intensidade quanto em foco.

b. Fidelidade aparentemente inflexível a rotinas ou rituais não funcionais específicos.

c. Hábitos motores estereotipados e repetitivos, por exemplo: agitação ou torção das mãos ou dedos, ou movimentos corporais complexos.

d. Obsessão por partes de objetos.



B. Atraso ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade:



1. Interação social.

2. Linguagem usada na comunicação social.

3. Ação simbólica ou imaginária.



C. O transtorno não é melhor classificado como transtorno de Rett ou doença degenerativa infantil.

DISLEXIA

A avaliação é importante?

Sim, muito importante. Ela é fundamental para entender o que está acontecendo com o indivíduo que apresenta sintomas de distúrbio de aprendizagem. Além do que, é pela avaliação multidisciplinar que se tem condições de um encaminhamento adequado a cada caso, considerando as várias possibilidades, inclusive de manifestação da própria dislexia.





E porque um diagnóstico multidisciplinar e de exclusão?

Somente um diagnóstico multidisciplinar pode identificar com precisão o que está ocorrendo. Os distúrbios de leitura e escrita são os fatores de maior incidência em sala de aula, mas nem todos têm uma causa comum. Embora a dislexia seja o maior índice, outros fatores também podem causar os mesmos sintomas; distúrbios psicológicos, neurológicos, oftalmológicos, etc.

Uma equipe multidisciplinar analisa o indivíduo como um todo, verificando todas as possibilidades. Não se parte da dislexia, mas se chega à dislexia, excluindo qualquer outra possibilidade. Por outro lado, se um outro fator for confirmado, o encaminhamento também se dará de modo que o avaliado possa ter um acompanhamento adequado.

Com relação à dislexia ocorre o mesmo; são considerados os inúmeros fatores e as características de cada paciente, para se fazer um encaminhamento adequado a cada caso. Na ABD, um relatório é entregue ao paciente ou responsável (no caso de menores) e este relatório deve ser apresentado ao profissional que fará o acompanhamento, permitindo a este, adotando a linha que mais lhe convier, direcionar imediatamente suas intervenções, alcançando assim resultados mais eficazes em menor tempo.





O disléxico precisará sempre de suporte e/ou acompanhamento profissional?

Uma pessoa disléxica sempre será um disléxico, não podemos alterar esse fato, mas com acompanhamento adequado, mediante uma avaliação adequada, o disléxico evoluirá de forma consistente em seu acompanhamento até obter alta. Esse tempo de acompanhamento vai variar de disléxico para disléxico, além do que temos que considerar os diferentes graus da dislexia (leve, moderado e severo). Ele pode variar de dois a cinco anos. Embora esse tempo seja considerado longo para algumas pessoas, desde o princípio do acompanhamento o próprio disléxico, como os familiares e a escola poderão notar as mudanças, o que vai ser altamente positivo para sua vida acadêmica,familiar, social e profissional.

Observação: Se não forem sentidas mudanças significativas no primeiro ano de acompanhamento (vamos considerar um tempo de entrosamento entre profissional e paciente e ainda de entrosamento com o próprio tratamento), entre em contato com membros da equipe que realizou o diagnóstico. Verifique se o relatório foi redigido adequadamente e se este está sendo considerado para elaborar o plano de acompanhamento. Deve-se lembrar sempre, que o disléxico tem uma dificuldade, não uma impossibilidade. Devidamente acompanhado ele vai paulatinamente superando ou contornando suas dificuldades.





Há algum método ou linha eficaz?

Não há nenhuma linha de tratamento que seja considerada ‘’a melhor’’ ou ‘’a única’’. O importante é a aceitação e adaptação do próprio disléxico à linha adotada pelo profissional. O que podemos dizer é que como a principal característica dos disléxicos é a dificuldade da relação entre a letra e o som (Fonema -Grafema), na terapia deverá ser enfatizado o método Fônico. Deve-se também treinar a memória imediata a percepção visual e auditiva. É sugerido que se adote o método multissensorial, cumulativo e sistemático. Ou seja, deve-se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo que é vivenciado concretamente.





Qual a idade ideal para se fazer um diagnóstico?

Qualquer idade, sendo adulto ou jovem terá atendimento adequado a sua faixa etária. Muitas vezes, antes do primeiro ano de alfabetização, poderá acorrer um ‘’quadro de risco’’, ou seja, poderá não ser confirmada a dislexia, mas também não se descartam outros fatores. Podemos sugerir um acompanhamento adequado e fazer uma observação mais cuidadosa, até podermos diagnosticar com precisão após a alfabetização se há, de fato, a presença de um quadro de dislexia.
 
ABD - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA